quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Vídeo-aula 7: Educação e Ética

MÓDULO I - INTERDISCIPLINARIDADE, TRANSVERSALIDADE E CONSTRUÇÃO DE VALORES


A aula Educação e Ética procurará abordar alguns princípios relacionados ao tema da ética quando aplicado ao domínio da educação. Pensar a ética na escola significa meditar sobre as relações institucionais como um todo: a relação dos professores entre si; destes com os diretores e com os funcionários da escola; a relação entre professores e alunos; e finalmente a relação dos estudantes entre si. A despeito dessa complexidade que o tema evidencia, procurou-se restringir o campo da análise à questão dos procedimentos mediante os quais o docente poderá problematizar o tema da ética e dos valores com seus estudantes. Educar e produzir a cultura especificamente escolar requererá, de todo modo, eleger saberes e valores com os quais se dirigirá o processo de ensino-aprendizado. Meditar sobre isso é o objetivo desta aula.

Professora Carlota Boto

A professora Carlota inicia sua aula dizendo que a criança tem como sua primeira socialização a família. Porém, antes de atingir a socialização plena com a cidadania, ela (a criança) passa pela escola, ambiente no qual aprenderá seus primeiros passos para a vida social.

Neste período escolar os educadores convivem com o conflito autoridade versus liberdade. Este é o desafio, pois a criança ainda está na fase da heteronomia, ou seja, as regras são exteriores a ela.  A educação lhe proporcionará o avanço rumo a sua autonomia. Por isso, há uma intencionalidade pedagógica em nosso ensino não só teórico mas, também, com nossos exemplos práticos.

Em sequência a professora aborda a ética no período da Grécia Antiga. Nesta época a ética e a política seriam campos quase complementares. Platão e Aristóteles escreveram sobre estes temas tendo como sujeito o homem livre. Os gregos utilizavam ethos para falar de ética e os romanos utilizavam mores para falar de moral. Ambos significando costumes. Hoje, segunda a professora, conceituamos ética como "comportamento escolhido; adesão voluntária a um conjunto de regras de ação"; e conceituamos moral como "formas de agir socialmente recomendadas; exteriores ao sujeito, externas à opção individual".

O que há em comum entre as duas conceituações de ética e moral é a relação com o outro. Em educação o outro é o nosso aluno, o nosso colega, aquele que não somos nós. Temos que pautar a nossa ação possibilitando uma vida do bem e uma vida digna. Os gregos faziam essa correlação, falando sobre a vida boa e a ação correta.
A ética é sempre construída como um hábito, partindo de exemplos e ações. Vamos nos defrontar com o tema nas relações com os alunos, colegas de trabalho e funcionários da escola.

A Professora Carlota cita então a seguinte passagem de Aristóteles em sua obra "Ética a Nicômaco": "Estou falando da excelência moral, pois é esta que ser relaciona com as emoções e ações e nesta há excesso, falta e meio termo. Por exemplo, pode-se sentir medo, confiança, desejos, cólera, piedade e, em todos os casos, isto não é bom: mas experimentar estes sentimentos no momento, em relação aos objetos certos e às pessoas certas, e de maneira certa é o meio termo e o melhor, e isto é característico da excelência. Há também, da mesma forma, excesso, falta e meio termo em relação às ações. [...] A excelência moral, portanto, é algo como equidistância, pois, como já vimos, seu alvo é o meio termo.”

Esse trecho do Aristóteles nos leva a pensar nos desafios que dizem respeito à igualdade em lidar com o coletivo dos nossos alunos, porém pelo reconhecimento. Por outro lado, pela diferença. Somente nessa relação entre igualdade e fraternidade podemos preparar com a democracia. Assim, podemos lidar com a formação do comportamento de viver de maneira a não ferir o outro.


Citando Richard Sennett, 1988, páginas 323 e 324, ela diz “Cidade e civilidade têm uma raiz etimológica comum. Civilidade é tratar os outros como se fossem estranhos que forjam um laço social sobre essa distância social. A cidade é o estabelecimento humano no qual os estranhos devem provavelmente se encontrar. A geografia pública de uma cidade é a institucionalização da civilidade.”

Cita ainda as duas máximas kantianas na "Fundamentação da Metafísica dos Costumes": 

“Age de tal maneira a humanidade, tanto em tua pessoa como na de todos os outros, sempre ao mesmo tempo como um fim, e nunca como um meio. 
[...] Age de tal modo que  máxima de tua ação possa transformar-se em lei de validade universal.”


Para saber se a atitude que eu tomo em alguma situação pedagógica me leva a pensar se eu possa transformar uma ação em benefício de todos os outros. Devemos pensar na ética com relação a nós mesmos.


Perguntas da Ética:
  • Como e por que a ação é moralmente correta?
  • Que critérios devem orientar o pensamento?
  • O que devo fazer?

Ação correta:
  • Felicidade de todos
  • Toma o agente virtuoso
  • Acordo com regras determinadas
  • Justificada aos outros de forma razoável

Determinação da ação correta: ética normativa:
  • Que devemos fazer?
  • Qual a melhor forma de viver bem?

Ética aplicada: resolução conflitos práticos mediante princípios ética normativa.

Daí a importância do professor, juntamente com os alunos, expor claramente o "contrato pedagógico" ou os chamados "combinados". Onde o aluno é participe na construção das normas, das regras.

No convívio escolar devemos evitar as atitudes intolerantes que demonstram a dificuldade de conviver com o diferente, caracterizados por: 
- Juízos cristalizados; generalizações falsas
- Ideologias e falsificação da realidade

Por conseguinte, a importância da educação como instância privilegiada para se evitar/corrigir práticas de intolerância.

As atitudes tolerantes partem da confiança na racionalidade, na razoabilidade e no direito do outro: respeito e solidariedade.

Finalizando a aula, a professora Carlota cita a frase de Camps, 1996, página 11, sobre a ética da justiça e a ética do cuidado: “[...] a ética fala da justiça porque há desigualdade, fala da amizade porque não somos auto-suficientes, fala da democracia porque não existem sábios suficientemente capazes e competentes para governarem sem perigo de se equivocar.”

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