quarta-feira, 11 de abril de 2012

Vídeo-aula 20: Diferentes possibilidades culturais no currículo escolar

MÓDULO III: DIREITOS HUMANOS E CONVIVÊNCIA DEMOCRÁTICA
Após uma breve passagem pelos conceitos de identidade e diferença, serão apresentadas algumas sugestões de encaminhamento do trabalho docente a partir de experiências realizadas em escolas públicas. Estas, engendradas com base nas manifestações culturais populares, comuns ao cotidiano discente local.

Professor Cesar Rodrigues - Faculdade de Educação da Universidade de São Paulo – USP. 

As questões de identidades e diferenças e em que lugares ocorrem a produção de diferentes identidades e diferenças entre os discentes? 

Tais identidades e diferenças aparecem no(a): 

  • no contexto parental (família);
  • na comunidade local (local onde as crianças vivem e convivem com questões de identidades e diferenças);
  • na escola propriamente dita (as diferenças são acentuadas);
  • na mídia de uma maneira geral e na televisão de uma maneira especifica a partir da disseminação de uma identidade-referencia localizada dentro de certo grupo étnico-racial. 
Conceito de identidade 


"É o conjunto fenotípico, gestual, de vestuário, religioso, alimentar, linguístico e comportamental - todos legitimados culturalmente - que representam o modelo de ser humano ao qual a semelhança se deva buscar, pois, quanto maior a proximidade modelar de tal sujeito, maior a possibilidade de inserção social.No caso do Brasil, destaca-se como identidade a referencia ao ser humano, branco, europeu- estadunidense e masculino”. 

E na escola, onde estão as identidades e diferenças? Estão em todos os espaços escolares; porém, pode-se dizer que a sala de aula é o espaço escolar onde identidades e diferenças têm seus territórios demarcados. A relação entre os membros da comunidade escolar, sendo que alguns têm acesso a determinadas coisas (privilégios) e outros não tem. 

E como tais diferenças são perpetuadas? 

- A partir de um referencial branco; ou seja, meninas e meninos negros têm suas identidades construídas da partir da identidade- referência branca. 

De tal modo a se tornarem diferenças mesmo antes de suas entradas nas instituições de ensino (vão se tornando diferenciados pela ausência de seus fenótipos em ambientes escolares, ou seja, os brancos constituem a cultura hegemônica e os negros, como é minoria, constituem grupos a parte, permanecendo isolados ou ilhados dentro do espaço escolar). 

Por conta disso, várias implicações perpassam os seus cotidianos escolares, influenciando na construção de suas subjetividades: - os negros tem um conflito muito grande ao perceberem as dificuldade de seus fenótipos – (aparências) no enquadramento étnico-racial. 

Onde estão as outras possibilidades? 

  • nas culturas invisibilizadas pelo currículo escolar; 
E qual seria o local dessas culturas? Porque trabalhar essas possibilidades culturais?


Porque ao trabalharmos estaremos estreitando o afinamento entre os alunos e a escola. 

Culturas polares marginalizadas da população negra: desde o moreno até o preto (atrelamento de culturas populares ao currículo escolar). 

SUGESTÕES DE ENCAMINHAMENTO DO TRABALHO DOCENTE: 

  • omo ação inicial, traçar um perfil das(s) comunidades(s) da(s) qual; quais suas/seus alunos/alunas são egressos;
  • esse perfil pode ser feito, por meio de um mapeamento, de preferência com a participação direta do docente. 
A partir desse mapeamento cultural, elencar as facilidades e dificuldades encontradas para o trabalho com as manifestações culturais encontradas (onde vão os alunos, onde se divertem, que músicas gostam, visitar a comunidade, estudando e analisando, ou seja, traçar um perfil da comunidade observada). 

E a partir deste mapeamento iríamos atuar, embasando-nos nos fatores que podem favorecer o nosso trabalho.

Como dialogar o currículo escolar aos fatores culturais ou culturas existentes na comunidade?

  • primeiro será um trabalho com uma manifestação cultural nordestina, "Literatura de Cordel", presente na cultura patrimonial discente em grande maioria das escolas publicas brasileiras; (projeto desenvolvido o ano todo na escola - xilogravura e isogravura que trouxe com rimas). Trabalhou-se história a e questões sociais;
  • segundo o trabalho “Escola com samba” entendendo o samba aqui como uma manifestação cultural totalmente influenciada pelas culturas negras - (Lei 10.639) que introduz a história afro-brasileiro dentro do currículo escolar. Pode-se trabalhar o ano inteiro as questões sociais, culturais, geográficas, históricas e linguística significativa do samba;
  • pretendeu-se fugir das inserções curriculares "turísticas", ou seja, fazer com que as manifestações curriculares não apareçam apenas em datas pontuais; exemplos: Dia da Consciência Negra, Dia do Índio, etc;
  • levantar discussões a respeito da valorização da mulher na sociedade apenas na Semana ou no Dia da Mulher;
  • restringir as discussões sobre a situação de desvantagem social da população negra apenas na Semana da Consciência Negra; (restrições sofridas pela população negra). A cultura tem que aparecer todos os dias e não apenas em momentos especiais. E aparecer dentro de uma perspectiva interdisciplinar mais abrangente. 
Cuidados a serem tomados:

  • perpetuar o "mito da democracia racial", ao utilizar o argumento de todas e todos brasileiros serem mestiças/os e, por conta disso, não haver diferenças entre todos nos por sermos humanos, etc.;
  • não estar atentas/atentos as manifestações raciais explicitas e/ reveladas ou acontecidas em sala de aula ou em quaisquer outros lugares e / ou momentos vivenciados na escola; A intervenção docente nesses eventos é de crucial importância para a desconstrução dessas manifestações. 
Reflexões finais sobre o trabalho:

  • sobre a identificação da hegemonia cultural branca; (os efeitos são graves e conhecidos);
  • sobre a desconstrução dessa hegemonia e seus benefícios á população discentes das escolas publicas brasileiras (irar o poder do branco fará bem a todos);
  • a descolonização justiça curricular (trabalhar com diversas possibilidades dos continentes africano e asiático e não apenas trabalhar com currículo que cita a história do colonizador branco e europeu);
  • a questão autoral permeando essas desconstruções;
  • a possibilidade de um estreitamento entre as/os discentes e a escola. (maior relacionamento e entrosamento entre alunos e escolas - para cada contexto um trabalho diferente).

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