Após uma breve passagem pelos conceitos de identidade e diferença, serão apresentadas algumas sugestões de encaminhamento do trabalho docente a partir de experiências realizadas em escolas públicas. Estas, engendradas com base nas manifestações culturais populares, comuns ao cotidiano discente local.Quais as contribuições do conceito de gênero para a educação? Como as relações de gênero, e a diversidade sexual que delas faz parte, afetam as práticas e interações estabelecidas no espaço escolar? Essas questões e também a enorme dificuldade em se romper com os padrões tradicionais de gênero são abordadas nesta vídeo-aula.
Professora Cláudia Vianna da Universidade de São Paulo - USP.
Relação social de gênero, dando ênfase as práticas e interações que ocorrem no espaço escolar.
Gênero e Diversidade Sexual: campos coletivos dos direitos sociais (ou seja, dos direitos humanos). O Estado e as politicas nacionais e locais interpretam e regulam várias das concepções de família, reprodução, educação, estilo de vida, muitas delas entrelaçadas com a construção das relações de gênero. Os costumes vão mudando e novas visões são observadas. O estado regula as entidades sociais, sendo a mídia e a escola são importantes parceiros.
Duas dimensões de gênero:
1 - gênero e sexualidade são socialmente construídos;
2 - movimentos sociais: reivindicações coletivas.
Politicas públicas de Educação pós 1990
Gênero e diversidade sexual > Agências multilaterais de educação com incorporação das demandas de movimentos sociais.
Grande marco – Constituição Federal de 1988 - importante documento em direitos humanos: eliminar a discriminação contra a mulher, etc.
Governo Fernando Henrique - MEC - aparecimento dos Parâmetros Curriculares Nacionais - Ótica de Gênero.
Orientação Sexual: Conceito de sexualidade/ Conteúdo em 3 blocos: 1 - corpo: matriz da sexualidade / 2: relações de gênero / 3: Prevenção de DST/AIDS.
Elementos para a construção e elaboração de um currículo a partir dos temas gêneros e sexualidade.
São inéditos e elogiados até hoje - importante documento normativo para a educação brasileira.
Críticas: precária aplicabilidade, falta inicial e continua na formação dos professores, tema difícil de ser abordado, a subordinação ao trinômio: corpo - saúde e doença, não se dá destaque à diversidade social.
Tema difícil de ser tratado em sala de aula dada a complexidade.
Novos projetos e secretarias são criados na tentativa de se abordar o tema sexualidade e gêneros.
Nascem vários programas:
Nascem vários programas:
- Educando para a igualdade, gênero, raça e orientação sexual;
- Formação docente para a cidadania e diversidade sexual;
- G.D.A. - gênero e diversidade na escola;
- Construindo a diversidade de gênero - premio para as redações de ensino médio e trabalhos acadêmicos (ensino superior);
- Brasil sem homofobia, entre outros...
Fragmentação e desarticulação entre os vários programas criados.
Ocorre ainda enorme resistência desta temática na Educação.
As diferenças sociais e de gêneros são relegadas ao segundo plano.
As diferenças sociais e de gêneros são relegadas ao segundo plano.
Dificuldade em se romper os padrões tradicionais de gênero:
Várias entidades fizeram uma pesquisa em 14 capitais e distrito federal reunindo várias entidades (Instituto Airton Senna e UNESCO entre outras).
Foram aplicados 16.400 questionários entre estudantes de 10 a 24 anos - 4.500 pais e 3000 professores (fundamental e médio): enorme desconhecimento da construção de nossa sexualidade e por outro lado uma enorme homofobia: forma de inferiorizacão da hierarquização da sexualidade em detrimento da homossexualidade. Realidade muito presente em nosso país, sociedade e escola e transforma as diferenças de gênero em desigualdade e exclusão. Percebe-se que 1/4 dos alunos não aceitaria amigo homossexual.
Alguns relatos (graves):
1 - as identidades - homossexuais ou feministas são tidas como clandestinas e ocultas (forma dolorosa e solitária de se construir - sem apoio da família, escola, sem referência de modelos positivos.
Grande discriminação contra os homossexuais - maior entre todas as discriminações - e muito valorizada entre os jovens - estereótipos do outro diferente - ideia muito cruel - eu não ser confundido com o outro (homossexual).
Outra pesquisa de 2009 - FIPE (Fundação de Pesquisas Econômicas) - nos evidencia que há predisposição em manter menor proximidade com determinados grupos sociais (distância social): homossexuais - 98,5%.
Desafios para a prática docente:
- sair da naturalização e da reprodução de estereótipos de gênero;
- sair da hétero-normatividade;
- trabalhar com várias modalidades de feminilidade e masculinidade;
- elaborar novas proposições politicas - tarefa difícil - luta em todas as esferas - dentro e fora da escola.
Como pensar na prática docente:
- pouca formação inicial;
- incentivo e apoio a proposta já existentes (desenvolvidas);
- analisar criticamente livros e materiais didáticos que veiculem preconceitos de gênero;
- denuncia do conhecimento cientifico que perpetua preconceitos;
- tirar as hierarquias das diferenças individuais e coletivas que nos constituem para que se não se transformem em desigualdade.
Devemos colaborar para a formação e manutenção de uma sociedade mais justa, menos desigual e seres humanos, realmente, livres e com o desenvolvimento de projetos coletivos.
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