terça-feira, 6 de março de 2012

Vídeo-aula 8: A característica multicultural da sociedade contemporânea e suas consequências para a convivência democrática

MÓDULO III: DIREITOS HUMANOS E CONVIVÊNCIA DEMOCRÁTICA
A configuração dos cenários geográfico, econômico e político do terceiro milênio contribui para a disseminação de textos culturais que procuram homogeneizar as identidades. Dentre as consequências, desponta o crescimento do multiculturalismo. Esta videoaula discute os reflexos desse processo na escola.

Professor Marcos Garcia Neira da Universidade de São Paulo. 

Pano de fundo: funcionamento da sociedade e uma sociedade multicultural com a interferência na vida das pessoas: como ter uma convivência democrática. 

Cenários do 3º milênio - residência das pessoas (moradias se organizam), consumismo e transporte das pessoas carros superluxuosos e ônibus lotados e interação com as novas tecnologias, grupos jovens e seus corpos marcados, grupos subnutridas e os diversos grupos de jovens.

No terceiro milênio o mundo passou por uma nova geografia - reorganização de novos países e reorganização do plano econômico. 

Nos século XX quem mandava era os EUA agora é a China, como novas transformações e surgimento o neoliberalismo. (fator econômico)

Livre circulação de pessoas, intenso consumismo e um idioma predominante sobre o outro, são evidentes mudanças nos sistema de produção e consumo. 

Mudança de grupos no poder: monarquia, oligarquia, famílias para hoje o poder executivo é ocupado por pessoas não de famílias tradicionais. Para Anderson (1993) temos o aparecimento de comunidades imaginárias que aparecem diante de tantas mudanças. 

Estas comunidades existem e pertencemos a ela. Exemplo: jovens usam as mesmas coisas e apresentam as mesmas características, os habitantes de uma região, mas não sendo puras, mas com misturas, ninguém é puramente uma coisa. 

Temos também uma forte disseminação de textos culturais, sendo que um texto é todo artefato culturalmente elaborado e que disseminado por determinadas noções ou idéias. Hoje vamos acessando a determinadas representações de sociedade e de escola e tais textos vão nos modificando e vamos nos constituindo a partir de representações encaixadas nestes textos culturais. 

Ao ler um livro ou ver uma imagem eu vou me posicionado em relação a ele e o mesmo vai me dizendo como devo ser. 

Esta ideia me leva a assumir determinadas posições aqui chamadas de políticas de identidade (identifico-me com o pensamento reinante na sociedade onde vivo). 

Quem você deve ser - ao ler uma revista: ela vai me dizendo como devo ser e me posicionar (idem para filmes, contos, livros didáticos, aulas escolares, práticas sociais, etc.). Cita, portanto, alguns exemplos derivados de estudos culturais: vamos aos posicionando em relação às coisas do mundo: o que for correto de ser - identidade e o que noção do correto, ou de ser (contra o hegemônico) chamado de diversidade ou diferença. 

Exemplo - normal (casal heterossexual) - diferente (casal homossexual). A hétero é identidade e o homo como diferença. 

Ao rejeitar a fobia contra a homossexualidade estou me posicionando favoravelmente a esta mesma homossexualidade e rejeitando qualquer sentimento contra a diferença. 

Raciocínio semelhante é a identidade: dançar o bale clássico e dançar hippie hop é diferença. 

Práticas religiosas: cristãs (identidade) e de tradição afro (diferenças). 

(Judô - prática esportiva de identidade e vale tudo (UFC) - prática esportiva de diferença). 

Cenas de representações hegemônicas (vantagens) em relação àqueles que não dançam balé, não professam a prática cristã, enfim aqueles que não apreciam práticas hegemônicas (diante da normalidade e que me trazem vantagens). 

Chama a nossa atenção para as práticas ou posições diferentes ( não dançar balé, não lutar judô, não se casar na igreja católica)... 

Convivência democrática: é pensar no equilíbrio maior entre a identidade e diferença e ficarmos atentos para construí-la. 

Antigamente os conflitos eram entre famílias ou classes sociais, hoje acontece entre os gêneros diferentes, etnia e religião. 

Temos novos elementos geradores de conflitos. 

Mecanismos que vão opor a hegemonização (que sejamos consumidores de ideias dominantes) X distinção (políticas que somos diferentes). 

Em alguns momentos nos valorizamos a nossa igualdade e em outros momentos nos valorizamos as nossas diferenças em relação aos outros. 

Afirma que se a sociedade neoliberal preza muito a hegemonização por outro lado precisamos e valorizamos a diferença. 

Novo contexto democrático: estamos em contato direto e intenso com o que é diferente e isto provoca o chamado "choque de civilizações”. (HUNTINGTON, 1997). 

Estamos acessando continuadamente o que os outros pensam. 

Quem é outro: o que pensa diferente de mim? 

Os conflitos deixam de ser familiares e passam a ser de natureza: gênero, etnia, religião e local de moradia (outros locais que estão gerando conflitos). 

Homogeneização X distinção: ora se valoriza a homogeneização de grupos ora estamos defendendo o que é diferente. 

Hoje eu valorizo a nossa igualdade e semelhança e em outros momentos valorizamos as nossas diferenças. 

A sociedade neoliberal ora valoriza a hegemonização, ora dá maior valor a ser diferente.


Mecanismo de inclusão ou mecanismos de exclusão



A sociedade contemporânea vem tentando com politicas e propostas com determinados grupos possam frequentar e escola, porém, esta mesma escola tenta afastar certas pessoas (shopping - os seguranças pedem para determinadas pessoas saírem). 

Dependendo da roupa, cheiro ou aparência as pessoas são impedidas de entrar ou convidadas a sair de certos lugares. 

Temos então a todo o momento mecanismos que nos tentam tornar iguais e outros momentos usamos mecanismos que nos tentam fazer ou mostrar diferentes. 

Outra consequência é que elaboramos representações sobre o outro. 

Pensar nas consequências que estas transformações nos traz no terceiro milênio. 


Representações sobre o Outro (que pensa diferente de mim / significados diferentes que eu atribuo). 

Reivindicação da diversidade: dentro da escola há um forte espírito e vontade de se aceitar o que seja diferente. 

A escola precisa reconhecer a diferença dos outros. 

A partir dos anos 70 temos - alguns movimentos sociais e ações afirmativas: transporte público grátis, livro didático grátis, alimentação, questionamento do modelo hegemônico (questionar a forma predominante e verificar se realmente ela é a verdadeira). 

Visibilidade crescente da diversidade

As pessoas são diferentes e precisamos de mecanismos de inclusão diferentes 

Reconhecimento da diferença e a base da convivência democrática

Enquanto eu não identificar as diferenças eu não consigo pensar em um espaço público onde todos possam acessar.

Politicas inspiradas no multiculturalismo – ação politica que visa incluir os grupos que historicamente não poderiam acessar as nossas experiências (por serem diferentes de nós): normais, tais como: vagas para deficientes/ vagas para mulheres nos partidos políticos/ cotas para negros nas Faculdades Públicas, etc. Essas ações visam enxergar as diferenças, pois nem todos tem dinheiro para comprar uma entrada inteira e ir ao cinema (pagamento de meia entrada para estudantes). O primeiro passo é defender o multiculturalismo enquanto politica importante para uma convivência democrática.

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