Com a democratização do acesso, adentraram à escola representantes de grupos culturais, até então, alijados desse direito. Se outrora, os conhecimentos socializados pelo currículo advinham dos grupos situados em condições privilegiadas sem qualquer questionamento, neste momento, tal perspectiva enfrenta o desafio da sociedade multicultural.
É lícito que as políticas em torno da reconfiguração social atravessam inevitavelmente o debate curricular. A partir daí, foi gerado um certo consenso que afirma a democratização dos conhecimentos no currículo como ação em prol do reconhecimento das diversas culturas que compõem a sociedade. Alinhando-se a esse movimento, uma transformação curricular implicará não somente no estudo do patrimônio cultural dos grupos desprovidos de poder, como também, na desconstrução crítica dos conhecimentos oriundos da cultura hegemônica.
Professor
Marcos Neira
Inicia,
falando sobre as transformações sociais que aconteceram nos últimos tempos e
que nos influenciaram:
·
Globalização (cita que este processo não é recente
– começou nos séculos VI e XVII) e como estuda-la em sala de aula. Porém, teve
um desenvolvimento maior na sociedade moderna, principalmente nos últimos 50
anos. Afirma que artefatos culturais vindos de fora influenciam nosso modo de
ser. Cita que, hoje em dia, é perfeitamente
possível acompanhar ao vivo oque acontece no mundo, deparando-me com os outros
ao vivo.
·
Contexto democrático: oportunidades dadas a todos
os componentes da sociedade humana: mulheres, negros, jovens, analfabetos,
deficientes de modo geral.
·
Sociedade multicultural: a sala de aula tem que se
tornar um contexto multicultural (podemos e devemos falar de todos os assuntos,
tais como: religião, amor, alimentação). Espera-se que existam visões
diferentes dos temas tratados no dia a dia e que todos possam ser respeitados e
valorizados. A escola deve ser um local comprometido com todas as visões e
olhares, sendo um local de inserção social. Enfatiza, portanto, a função social
da escola: a escola é o local de inserção do aluno na sociedade.
E para
que esta nova visão da escola possa acontecer temos que mudar o currículo
estudado para que esta nova visão da escola possa ser inserida e conquista.
Portanto, urge uma nova concepção e visão de currículo escolar.
De acordo
com o teórico e estudioso Antônio Flávio Moreira e outros autores temos,
basicamente, três (3) teorias curriculares:
·
Teorias tradicionais;
·
Teorias críticas;
·
Teorias pós-críticas.
O
professor Marcos nos define com muita propriedade que currículo é toda
experiência proposta pela escola ou a partir dela. Cita alguns exemplos, tais
como: são as aulas de um professor quando o mesmo usa determinado livro; ele
faz exercícios em sala de aula, usa o vídeo ou não para enriquecer suas aulas,
etc.
Tipos
de currículo: todo currículo é uma prática social e nos deixa marcas, forjando
a nossa identidade.
TEORIAS CRÍTICAS
Tais
teorias estão presentes na sociedade educacional brasileira nas décadas de 60,
70 e 80. O professor nos indaga, perguntando:
Qual
é o melhor conhecimento?
Que
currículo estudar?
A
quem interessa o currículo estudado?
TEORIAS PÓS-CRÍTICAS
Fazem-se
presente nos anos 90 (noventa) e passam a interferir no currículo. Afirma que
toda teoria deve estar impregnada de classe (a quem se destina), qual classe
deve envolver (todas, preferencialmente), observar questões de gênero, local
geográfico onde se desenvolve, destina-se a qual faixa etária. O currículo
destinava-se a uma classe elitizante e aos ricos (cultura para poucos que eram
endinheirados).
Sofre
influência de outras culturas e questionam, principalmente, questões de gênero,
classe social e moradia. Estudava-se antes o que irá se estudar. Cita como
exemplo prático que na Educação Infantil as escolas exibiam filmes dos estúdios
de Walt Disney mostrando outras pessoas, realidades, culturas e realidades. Ou,
como outro exemplo obras de Debret que mostrava os negros sempre como escravos
(seres submissos e inferiores).
Tínhamos
apenas a visão deste pintor para a sociedade do Brasil colonial, ou seja, havia
apenas uma representação. A teoria nos afirma que a cultura e suas questões
devem ser inseridas em uma sociedade mais ampla.
Temos,
em seguida, o seguinte quadro sobre a Cultura:
- cultura, cultivar (Grécia Antiga) – sofre
grandes modificações;
- Estado de espírito (França século XVIII);
- Associado à razão e a civilização (iluminismo):
povo com cultura e povo sem cultura;
- Fator de identidade nacional (Alemanha, século
XIX);
- Modo de produção de classe (Inglaterra, século
XIX); Culturas específicas para classes trabalhadoras e elite.
Século
XX – antropologia saiu do estágio evolucionista (povo sai do estágio bárbaro e vai
para o estágio civilizado).
Cultura
sob o olhar da Antropologia:
- Evolucionista (Tylor);
- Relativista (Boas);
- Funcionalista (Malinowiski);
- Sistêmica (Durkhein);
- Interpretativa (Geertz)
Trabalham o conceito de cultura
em formas diferentes.
A cultura é uma teia de
posicionamento (cada grupo cultural tem seu próprio significado de mundo).
Sociedade multicultural: a partir dos estudos culturais.
Conceito:
campo de luta para validação de significados.
Cultura, o olhar dos Estudos Culturais:
- Campo de lutas (Hall);
- Incorporação (vejo o mundo);
- Distorção (quando não gosto – de alguma dança
ou música ou culto religioso – acabo distorcendo);
- Resistência (todos os grupos resistem);
- Negociação (incorporação do futebol e do carnaval,
ocorrendo a ressignificação de valores): eu aproprio fatores, negociando.
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